Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2017

O papo do cérebro esquerdo e direito

Você já ouviu esse papo de que o cérebro esquerdo é mais racional, o direito mais emocional e tal, né? Você já ouviu também aquele papo sobre treinar o cérebro esquerdo ou o direito? É verdade mesmo que existe uma especialização hemisférica. Oi? É, o nosso cérebro é dividido em duas metades, cada uma delas é chamada de hemisfério cerebral. Então, temos o hemisfério esquerdo e o direito. A gente consegue ver que existe uma especialização de cada hemisfério ao observar o que acontece após uma lesão. Por exemplo, um paciente que teve um derrame (o nome técnico é Acidente Vascular Encefálico ou AVE) em uma região específica no hemisfério esquerdo provavelmente terá dificuldades para falar, ele compreende, mas não consegue se expressar. Mas se a lesão for em uma região específica do hemisfério direito, é mais provável que o paciente tenha dificuldade em compreender o que está sendo dito. Essa especialização hemisférica também é observada em pessoas saudáveis, mas é necessário faz

O papo de que sentimos mais fome quando está frio

Eu sei que estamos na primavera, está calor (ou deveria estar), mas esses dias me lembrei daquele papo de que sentimos mais fome quando está frio. A explicação mais frequente que se escuta para isso é a de que no frio precisamos manter o nosso corpo aquecido, como para isso é necessário gastar mais energia, nós sentimos mais fome. Você já ouviu isso, né? Então vamos lá, para começar, o que será que faz você sentir fome? A explicação mais consolidada e a primeira a ser descrita nos livros de fisiologia é a de que existe um centro da fome e outro centro da saciedade em uma estrutura do nosso cérebro, chamada de hipotálamo. Quando o primeiro centro é estimulado nós sentimos fome, quando o segundo centro é estimulado nos sentimos satisfeitos. O problema é que muita coisa pode estimular esse centro da fome. Uma das teorias é que ele é estimulado quando o nível de glicose do sangue cai, outra diz que é estimulado quando os estoques de gordura diminuem. Certo, guarde essas informações

O papo da memória

Quando decidi escrever sobre memória me lembrei que uma vez precisei escrever um longo texto sobre isso em um concurso. Foram momentos estressantes, me preocupava se conseguiria terminar a tempo e se conseguiria escrever tudo o que a banca julgava necessário. Mas eu estava grávida e de vez em quando sentia uns chutes na minha barriga, e para mim, naquele momento, era como se a minha filha dissesse: “Vai, mamãe!”.  Acredito que tanto pelo estresse como pelos chutes, aquele momento da prova se tornou importante o suficiente para que uma memória de longo prazo fosse formada. Longo prazo, porque isso aconteceu há alguns anos. Mas quando essas memórias são formadas elas não ficam armazenadas em uma estrutura específica do cérebro. Quando a gente ouve falar de casos em que alguém sofreu um acidente fica parecendo que tem uma área especial no cérebro que guarda as memórias de longo prazo. Mas na verdade, o que se considera hoje é que as memórias estão distribuídas por várias regiões do n

O papo das emoções nas nossas decisões

Semana passada tivemos a Black Friday, Black Week e tal. Que loucura foi aquela? Pessoal tirando fotos das promoções e mandando por mensagem, discussões sobre qual das ofertas era a melhor e uma galera enfrentando filas absurdas. Eu mesma enfrentei uma, não tão grande porque não tenho tanta paciência, mas perdi uma meia horinha. E no meio dessa loucura você deve ter recebido alguns artigos ou comentários sobre comprar por impulso. Bom, se você estava tão interessado em comprar que não quis ler nenhum artigo que pudesse te desestimular, eu já te digo que de modo geral eles discutem o quanto as pessoas compram sem realmente precisar e o quanto que a emoção prejudica na sua tomada de decisão. Isso você já sabia né? Mas você já ouviu falar sobre o outro lado da moeda, ou seja, que as emoções na verdade seriam essenciais para que você possa tomar uma decisão?  É, pois é! Antonio Damasio é um dos cientistas que discute essa teoria, ele e seu grupo defendem que as nossas decisões são bas

O papo do colesterol

Sabe aquele papo de que temos que tomar cuidado com o colesterol, fazer exercício físico e comer bem? Nós escutamos falar tanto sobre isso que quando ouvimos falar de colesterol o associamos rapidamente a algo negativo. Para você ter uma ideia, uma vez uma aluna me disse que um de seus familiares “tinha colesterol”. Eu disse a ela que isso era ótimo ou então ele não estaria vivo. Sem colesterol já era ciclo menstrual, formação dos órgãos sexuais, reprodução, e isso só para começar! É que os hormônios responsáveis por essas funções são produzidos a partir do colesterol. Um dos vários mecanismos que o nosso corpo utiliza para controlar a pressão arterial é a libração do hormônio aldosterona, que também é produzido a partir do colesterol. O colesterol é até um dos componentes da membrana das células. Só que para conseguir atuar nessas funções o colesterol precisa chegar até a célula, certo? O problema é que ele não se dilui em água. Como as nossas células são banhadas em um líqu

O papo dos dois litros de água

Nós temos que beber dois litros de água por dia, não é? Assim nós mantemos o nosso corpo hidratado e lavamos as toxinas. Todo mundo sabe disso, certo? Eu sempre acreditei nisso e me entupia de água acreditando que estava me fazendo um bem. Até fazia um cálculo de quanto de água deveria beber a cada tanto tempo para completar os dois litros no dia. Até que na faculdade, após uma aula de fisiologia renal, fiquei com uma pulga atrás da orelha e perguntei ao meu professor, que é um pesquisador importantíssimo na área, se esse papo dos dois litros era verdade. Ele me respondeu que só bebia água quando tinha sede. Mas esse papo era tão forte pra mim que eu continuei bebendo toda essa água, mesmo após “O  cara” da fisiologia renal ter me respondido daquela forma. Não me canso de me impressionar como esse conhecimento social é louco, como o que a gente aprende em casa pode ser muito mais forte do que o que se aprende na escola. Eu só fui questionar essa ideia dos dois litros novamente há

O papo do cientificamente comprovado

Você já deve ter lido em vários lugares que determinada coisa estava ou não cientificamente comprovada. “Não foi cientificamente comprovado, mas existem evidências de que micro-ondas pode causar câncer”. Eu não tenho a menor ideia do que significa ser cientificamente comprovado, aliás, essas palavras me dão nos nervos. Tudo bem, estou exagerando, cientificamente comprovado significa que um grupo de cientistas testou e comprovou que funciona, certo? É totalmente possível que esse teste aconteça, mas como se comprova que algo funciona? Um cientista trabalha com hipóteses, ou seja, ele pode querer saber se um medicamento diminui os níveis de colesterol no sangue. Um grupo de voluntários será selecionado (sim voluntários, porque no Brasil não é permitido pagar para ninguém fazer experimento nenhum, é possível no máximo pagar por certas despesas que o voluntário tenha tido, como almoço ou transporte) e então certa dosagem desse medicamento será aplicada por um certo período de tempo

O papo da atenção

O que é atenção? Atenção é atenção, ué, prestar atenção em alguma coisa. É óbvio, não é? “Preciso prestar atenção nessa aula”, diz o estudante. “Filho, presta atenção no que estou falando”, pede um pai. Atenção é um conceito presente no nosso cotidiano e por isso totalmente intuitivo. Mas, ninguém sabe muito bem o que acontece no nosso cérebro quando se orienta a atenção para alguma coisa, aliás nem os cientistas entenderam todo o processo. Quando você lê esse texto você está orientando a sua atenção voluntariamente para ele. Mas se passar um daqueles carros de som na rua, é bem provável que você pare de prestar atenção no que está lendo para prestar atenção no carro, mesmo que não tire os olhos da tela do computador. É o que acontece, por exemplo, quando seu filho adolescente está te olhando enquanto você fala com ele, mas está pensando em qualquer outra coisa. Olhar, não significa prestar atenção. Então não adianta pedir para o seu filho ou aluno olhar para você, ele deve